Outros sons além dos nossos
Eu e Bel conversamos por semanas a fio em meados de 2022 tentando pensar em alguma coisa pra unir nossas paixões. Arquitetura e engenharia, escrita ainda não. A escrita só surgiu depois, quando esgotamos as possibilidades atreladas às nossas profissões, ainda bem. Foi assim que nasceu o Sons.
Essa semana a newsletter não vem com textos nossos, pelo contrário. A ideia foi abrir espaço para quem nos acompanha - aqui e nas nossas redes sociais - e incentivar o trabalho de novos autores.
Muita gente escreve e deixa guardado no caderno, no bloco de notas do celular ou numa pasta no computador. É preciso de um pouquinho de coragem e um tanto de desprendimento pra colocar nossa escrita no mundo, mas nós acreditamos que vale o risco.
Por isso pensamos em um curso que é lançado como um projeto contínuo e vai com o mesmo nome da newsletter: Sons da Escrita. A primeira edição é uma sequência de quatro encontros que acontecerão online, em março, às terças-feiras à noite. E, se você escreve, presta atenção no que estruturamos:
Convidamos a Tayná Saez e a Tati Sabadini pra falar sobre “A coragem de escrever sobre si e para si” como a primeira aula do curso.
Na sequência, para arrancar o band-aid e acabar com o medo que muitos de vocês tem em divulgar o trabalho no Instagram, chamamos a rainha do carisma, Giovanna Lunetta para dar a aula “Curto sim, raso não: a escrita nas redes sociais.”
Para contemplar cada degrau do processo, achamos fundamental abordar o tema que mais aparece nas nossas mensagens do Instagram: publicação de livro.
Para isso temos Lorena Portela, que na pandemia se tornou uma grande musa da auto-publicação, com a terceira aula do curso - “As dores e as delícias do fazer independente”.
E enfim e eu, Gabi, me junto com a Bel, para a quarta e última aula - “Como publicar seu primeiro livro” - onde vamos tratar da perspectiva de autora e editora, respectivamente, e te dar o caminho das pedras pra você realizar o sonho do ISBN próprio (chique, né?).
A Tayná diz: escrever é solitário, mas a gente não precisa ser. Então se você escreve e tem vontade de divulgar mais seu trabalho e publicar um livro, vem escutar o que temos a dizer nesses quatro encontros. Para se inscrever é só clicar aqui.
E bora pros textos dos leitores.
“não teve
sequer uma foto
em que não visse
meus olhos
sinceramente
tristes”
“Quando criança
visitei uma vila
Que nunca existiu.
Lá tinha um dique
Um barco furado
Uma represa
Nada disso existiu.
Lá brinquei com meu tio bêbado
Com meus primos
Que não eram primos
Com meu pai e minha mãe e minha
irmã.
Lá comi manga
Comi e não chupei
Porque engoli tudo
A manga, o dique e o furo do barco
Engoli o choro
Engasguei o riso
Abri a boca para a fotografia
Andei de carro
no porta-malas
Andei a pé
Andei de bicicleta
Andei a cavalo.
Hoje a vila não existe
Porque, na verdade, nunca existiu.
Hoje o cavalo pasta dentro das casas
E as casas estão cheias de furos
E os furos cheios de mangas
E as mangas foram esmagadas pelos
últimos carros.
A vila que nunca existiu
vive aqui dentro.
A vila que nunca existiu
Foi minha Macondo.”
Decepção
“Eu e a minha necessidade de não
colocar fim nas coisas
Não termino de assistir meus filmes
Não acabo de ler meus livros
Não finalizo todas minhas séries
Nunca termino minha lista de afazeres
Não coloco ponto final nas relações
Não concluo todas as minhas metas
Só que aí veio você
E quebrou esse ciclo
Colocando um fim na gente”
“Pessoas são como lugares
Às vezes são bonitas e te fazem sentir
amor à primeira vista
Às vezes são legais mas não te
despertam nada demais
Às vezes são simples mas a essência
delas faz com que a gente se encante
de primeira
Outras vezes, as pessoas trazem a
sensação de pertencimento como os
lugares
A sensação de lar
Tem umas que me lembram São Paulo
Um completo caos
Mas que, de alguma forma me trazem
paz
Já outras são cais, como me faz
recordar de Porto Seguro
Por fim,
As mais difíceis de esquecer me
lembram Floripa
Que mesmo tão longe de mim
Ainda assim
Me fazem morrer de saudades”
Recebemos mais textos do que imaginávamos quando abrimos a chamada semana passada e foi muito divertido ler vocês. Gostaríamos de agradecer todos os envios e dizer que decidimos manter a caixa aberta. Se você nos acompanha e gostaria de enviar um texto seu para newsletter, é só clicar aqui. Vamos selecionar e publicar mensalmente três ou quatro textos no espaço do leitor - é uma forma legal das pessoas se conhecerem e fomentarmos uma comunidade para além de nós duas. Que tal?
Por hoje é só. Obrigada pela leitura! 💌
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