Esqueça, inspiração
E aí, tudo bem? Fevereiro a newsletter está um pouquinho diferente. Hoje não tem “Coluna da Bel” ou “Coluna da Gabi”, mas temos um bom motivo. Lembra que falamos do primeiro evento do Sons da Escrita? Então! Já se inscreveu? O curso acontece em março e, pra vocês conhecerem um pouco mais das mulheres que vão conduzir as aulas por lá, resolvemos convidá-las pra fazer um “feat” por aqui.
Como dissemos antes, nos interessa muito abrir espaço para sons além dos nossos, mas não se preocupem - isso não quer dizer que vamos sumir. Ainda essa semana a newsletter chega de novo na sua caixa com a nossa assinatura.
Essa segunda vocês ficam com o texto da Tati sobre inspiração vs. talento. Se você ainda não a conhece, vale a visita no perfil dessa mulher, mãe, escritora: @tatisabadini
Assim como a Tayná (@sutilezasatomicas), que esteve aqui na semana passada (aqui ó 💌), Tati dá cursos e oficinas de escrita, mora em Brasília e se desdobra para dar conta de todos os papéis que exerce! #guerreiraéaxenaestamosécansadas
Agora é só passar um café ou um chá, desligar as notificações por uns minutinhos e se deliciar com o texto. Boa leitura!
beijo,
Bel & Gabi.
Acordei hoje aos poucos. Tentei abrir o olho e não consegui. Fiquei naquele limbo entre sonhar e despertar, e pensei num parágrafo inteiro para escrever aqui. Aquele trecho perfeitinho, estava até engraçado e eu tinha gostado. Agora só precisava levantar e escrever antes que ele fosse embora naquela névoa indecisa matinal.
Repeti as frases várias vezes na cabeça para não esquecer. Finalmente, levantei e guardei ele em algum lugar da cabeça. Fui fazer minha rotina, café pra mim, panqueca de domingo para as crianças. Abri o computador, página em branco: o que era mesmo que eu ia escrever? Não lembrava mais.
Há alguns anos atrás meu maior medo na escrita era esse: esquecer. Ter uma ideia genial, não registrar e ela desaparecer assim como fumaça no vento. Poder tocar algo genial e ele escorrer como água nas mãos. O que acontece é que você fica úmida, marcada por um registro, sem saber muito bem para onde ele foi. E bate aquele desespero de não ter mais nenhuma inspiração igual aquela.
Minhas ideias, inclusive, escolhiam os piores momentos para chegar, claro. Frases inteiras pensadas debaixo do chuveiro, durante as corridas, antes de dormir ou acordar, coisas que vinham como um raio só para depois eu nunca mais lembrar.
Tentei criar estratégias. Deixar um bloco do lado da cama com uma caneta. Anotar no “notas” do celular. Abrir o gravador e falar. Mas nem sempre dava certo e a magia parecia desaparecer uma vez que cada coisa era registrada sem muito afinco. Às vezes não fazia sentido ou no final eram só palavras juntas.
Com o tempo, consegui fazer as pazes com esse feitiço das ideias que vêm e vão. Entendi que esse era o processo, que, às vezes, é melhor não se agarrar ao primeiro esboço, à primeira linha, ao extraordinário que surge logo de cara. Quando eu soltei, entendi que as tais frases perfeitas fujonas viriam se eu sentasse e, simplesmente, escrevesse. Qualquer coisa. É assim que as coisas surgem, quando a gente deixa vir, sem controlar.
Chego no final deste texto sem lembrar do parágrafo, que veio aqui só há duas horas atrás. Mas, ele me trouxe todas essas palavras escritas antes, mudou completamente a minha ideia original, então, valeu demais.
Lembrei da escritora americana Octavia E. Butler que uma vez disse: “Dane-se a inspiração. Esqueça a inspiração. O hábito vai te sustentar, esteja você inspirado ou não. O hábito vai te ajudar a finalizar e melhorar suas histórias. A inspiração não. Hábito é sobre persistência e prática. Esqueça talento. Se você tem, ótimo. Use. Mas se você não tem, não importa. Porque o hábito é mais confiável que a inspiração, continuar a escrever é mais confiável do que o talento”.
É o que eu tenho feito e desejo que vocês também. Escrever, escrever e escrever. E quem sabe assim, conseguir segurar suas ideias com as mãos sem qualquer escape.
Por hoje é só. Obrigada pela leitura! 💌
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